Em tempos de redes sociais, vídeos virais e marketing digital, muitos médicos buscam se destacar profissionalmente na internet. No entanto, o que para outros profissionais pode ser apenas uma questão de visibilidade, para o médico é também uma questão ética e legal. O Conselho Federal de Medicina (CFM) estabelece regras claras sobre publicidade médica. O desconhecimento ou desrespeito pode resultar em processos ético-profissionais, sanções disciplinares e danos à reputação.
Por que existem regras específicas para médicos?
A medicina é uma profissão regulamentada por normas éticas rigorosas, que priorizam a dignidade do paciente, o sigilo, a honestidade profissional e o respeito à autonomia médica. Por isso, a publicidade não pode ter caráter mercantilista ou gerar falsas expectativas.
O Código de Ética Médica (Resolução CFM nº 2.217/2018) e, mais recentemente, a Resolução CFM nº 2.336/2023, definem o que é permitido e o que é vedado na divulgação de serviços médicos.
O que é permitido na publicidade médica?
Divulgação de título de especialista registrado no CRM.
Informação sobre local de atendimento, horário e formas de contato.
Apresentação de qualificações profissionais e formação acadêmica.
Participação em eventos científicos e entrevistas, desde que sem autopromoção indevida.
Uso de redes sociais com conteúdo educativo, sem prometer resultados.
O que é proibido?
Exibição de fotos de “antes e depois” de procedimentos.
Divulgar valores de consulta ou promoções.
Garantir resultados de tratamentos.
Usar expressões como “o melhor”, “o mais seguro”, “único que faz”, entre outros termos de superioridade.
Utilizar influenciadores para divulgar procedimentos médicos.
Fomentar o sensacionalismo, como em vídeos de cirurgias ao vivo.
Exemplos práticos de infrações
Stories com pacientes elogiando o “milagre” da cirurgia estética.
Promoções para “botox da semana” com desconto.
Influenciador digital indicando consulta com cupom de desconto.
Médica postando fotos de pacientes com resultado cirúrgico visível (mesmo com autorização).
Todas essas condutas podem levar à abertura de sindicância ética, com risco de suspensão temporária do exercício profissional, caso haja reincidência.
Dicas para fazer marketing ético
Tenha um perfil profissional separado das redes pessoais.
Foque em educação em saúde, com informações baseadas em evidências.
Sempre use linguagem técnica clara e responsável.
Evite o uso de efeitos, filtros ou linguagem emocional que distorçam a realidade.
Se tiver dúvidas, consulte um advogado especializado ou o CRM antes de divulgar.
Conclusão
O marketing médico deve ser pautado pela ética, pela legalidade e pelo respeito ao paciente. Uma publicidade bem feita pode ser uma aliada da medicina, mas quando feita de forma leviana, pode se tornar uma grave ameaça à carreira. O médico não é um influenciador digital comum — e isso precisa ser respeitado.


